O número de empresas e celebridades entrando no mundo das criptomoedas está, sem dúvida, em ascensão. O mesmo vale para o interesse em coleções de NFTs. Basta procurar e você encontrará notícias sobre uma ampla variedade de empresas, indústrias e indivíduos famosos criando suas próprias coleções. E quando digo variedade, quero dizer algo realmente diverso, incluindo nomes como Playboy, Alfa Romeo, Sylvester Stallone, Pringles, Quentin Tarantino, Matrix, Nike, entre muitos outros.

No entanto, o que não vemos com tanta frequência na mídia são as empresas e celebridades que lançaram coleções de NFTs que não tiveram sucesso ou, pelo menos, não foram bem-recebidas pelo público. Apesar de não receberem tanta atenção quanto, por exemplo, Neymar comprando um Bored Ape, existem muitas coleções que simplesmente não decolaram. Há um ponto interessante em muitas dessas coleções que, na minha opinião, constitui o maior erro e a principal razão para que elas não tenham atendido às expectativas de seus criadores. É exatamente sobre isso que quero falar no artigo de hoje, além de apresentar algumas possíveis soluções.

Comunidades e web3

Uma parte significativa da comunidade envolvida em blockchain, NFTs e até no que chamamos de Metaverso acredita que a entrada de grandes corporações como JP Morgan e Andreessen Horowitz no universo descentralizado serve como uma espécie de validação dessa nova tecnologia.

Eu não discordo necessariamente dessa ideia, mas acredito que, em alguns casos, há um certo exagero nisso. A blockchain já está validada, independentemente da adoção por essas empresas, e o mesmo vale para os NFTs.

Ainda assim, algumas dessas empresas e celebridades conseguiram, com sucesso, migrar suas comunidades e clientes do universo web2 para o web3. Eu diria que Nike e Adidas são excelentes exemplos desse processo de transição. Porém, aqueles que não compreenderam que as comunidades são o coração do web3 provavelmente tropeçaram ao lançar uma coleção de NFTs.

Não entender as comunidades é o maior erro para quem deseja explorar o web3.

Alguns acreditaram que, por terem um grande número de fãs e clientes no web2, teriam sucesso no web3. Mas não é exatamente assim que as coisas funcionam. Neste novo universo, grandes empresas são como estrangeiras; elas não pertencem a este lugar, pelo menos não inicialmente. Não me entenda mal: o web3 é para todos. Contudo, se sua empresa entra nesse mundo tratando os usuários como mercadorias, ela já começou perdendo.

Coleções de NFTs que não decolaram

A WWE é um exemplo claro dessa abordagem, pois, mesmo com uma base de fãs enorme, sua coleção de NFTs vendeu apenas 37 das 500 unidades no lançamento. Alguns podem argumentar que o principal motivo para esse fracasso foi o preço de $1.000 por NFT. No entanto, continuo acreditando que, se eles tivessem focado na comunidade, trazendo valor para o web3 em vez de simplesmente vender um clube de benefícios, o resultado teria sido diferente.

Além disso, temos também a coleção da Ubisoft, que vendeu apenas $400. Outro caso é o do cantor Chris Brown, que vendeu apenas 3% de sua coleção de NFTs no lançamento. Isso serve para mostrar que o sucesso no mundo real não se traduz necessariamente em sucesso no metaverso.

Tudo isso sem contar as coleções que foram canceladas antes mesmo de serem lançadas, como a do meu xará, Tim Heidecker, e da banda virtual Gorillaz. Nesses casos, o principal motivo foi a repercussão negativa devido ao impacto ambiental dos NFTs, algo que a mídia frequentemente enfatiza de forma equivocada.

Soluções possíveis

Antes de pensar em lançar qualquer coisa, envolva-se. Isso vale para empresas, artistas, projetos e basicamente qualquer pessoa. Contribua com uma comunidade já existente sem esperar nada em troca. Compre NFTs, presenteie-os, interaja com as pessoas desse ecossistema. Esse ponto é crucial para entender que os NFTs não são apenas um produto para ser vendido. Eles estão muito mais próximos de uma parceria ou colaboração com a comunidade.

Empresas nativas do metaverso já valem muito mais do que grandes multinacionais. Mesmo que você ou sua empresa tenham muitos seguidores no web2, lembre-se: aqui, você é o novato, o estrangeiro. Portanto, agir como o estagiário disposto a aprender e contribuir pode ser muito mais eficaz do que simplesmente lançar uma coleção de NFTs.

E, por último, mas não menos importante: a comunidade vem antes do seu projeto de NFT.